A pandemia de Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, tem provocado um cenário enigmático para a saúde mundial e trouxe diversos impactos ao mundo, ocasionando altas taxas de internação hospitalar e de mortalidade. O quadro de saúde de milhões de indivíduos que se recuperam da doença, está pintado com diferentes tipos de complicações e diversificados graus de comprometimento funcional.
O processo de recuperação do paciente pós Covid-19 vai além dos testes negativos sobre a presença do vírus no organismo. Cada vez mais são observadas e estudadas sequelas como transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, fraqueza muscular e respiratória, alterações de sensibilidade, falta de ar, dificuldade para engolir, perda de peso, desnutrição, entre outras. Embora as sequelas pós-COVID-19 sejam mais comuns em pacientes que desenvolveram a forma grave, indivíduos com doença moderada e que não necessitam de hospitalização também podem ter algum grau de comprometimento funcional.
O comprometimento funcional pós-COVID-19 está relacionado com a alteração da capacidade de realizar algumas atividades de autocuidado (escovar os dentes, pentear os cabelos, vestir-se, tomar banho, calçar sapatos, alimentar-se, beber água, fazer uso do vaso sanitário, dentre outros), como também tarefas diárias (cozinhar, lavar louça, lavar roupa, arrumar a cama, varrer a casa, ar roupas, usar o telefone, escrever, manipular livros, sentar-se na cama, transferir-se de um lugar ao outro, dentre outras), além de prejudicar a interação social e dificultar o desempenho profissional. Devido à perda funcional os indivíduos podem ainda se tornar mais sedentários, aumentando o risco de comorbidades como: obesidade, doenças cardíacas, hipertensão arterial, colesterol alto, acidente cerebrovascular, diabetes tipo 2, osteoporose, dentre outras.
Mediante o comprometimento multisistêmico causado pela COVID-19, é primordial que uma equipe multiprofissional conduza o processo de reabilitação e recuperação.
Não é novidade que o fisioterapeuta pode atuar em diversificadas áreas, mas muitos desconhecem a importância desse profissional no tratamento das sequelas pós Covid-19. A atuação da fisioterapia contribui para evitar complicações cardiorrespiratórias e musculoesquelética, bem como para recuperar a funcionalidade e independência daqueles pacientes que já se curaram da doença.
Se observa que grande parte dos pacientes que foram acometidos pela enfermidade (quadros clínicos moderados e graves) apresentam uma diminuição da capacidade pulmonar, dores musculares e articulares, alterações neurológicas como: perda de coordenação, equilíbrio e sensibilidade, e fraqueza muscular generalizada. A reabilitação fisioterapêutica desempenha um papel crucial, buscando através de suas técnicas fortalecer a musculatura esquelética e reduzir a perda de massa muscular, além de atenuar os sintomas cardiorrespiratórios.
A reabilitação fisioterapêutica é recomendada principalmente para favorecer a recuperação físico-funcional de pacientes pós-COVID-19. Para esse propósito, é preciso considerar cuidadosamente as necessidades de cada paciente, detectadas por meio de uma avaliação abrangente com um olhar sobre a recuperação da funcionalidade e restauração dos sistemas musculoesquelético e cardiorrespiratório. Só assim podemos elaborar um plano de tratamento individualizado e progressivo. Vale a pena ressaltar que a COVID-19 apresenta manifestações sistêmicas, sendo assim, pacientes pós-COVID-19 devem ser acompanhados por uma equipe multiprofissional.
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