O pior revés

Vítima da Covid-19, Pablito era torcedor fanático do Cruzeiro e faleceu esta semana aos 39 anos, deixando a torcida cruzeirense sem chão.
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Acervo Pessoal


Por Igor Moreira – amigo e jornalista

Meu amigo Pablito,

Em um mundo hipotético, sem os dias de terror que estamos vivenciando atualmente com a Covid-19, um domingo como hoje significaria ver nosso querido Cruzeiro jogar em um Mineirão lotado, mas não sem antes encontrar com os amigos e tomar uma cerveja gelada no ponto de encontro que você tanto gostava, o Golaço.

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Mas infelizmente a pandemia não acabou, os estádios continuam vazios, o Golaço está fechado, o Cruzeiro enfrenta uma de suas piores fases e agora não teremos mais a sua presença física conosco. O domingo de sol em que nos encontraríamos no gigante da Pampulha ficará apenas na memória como um sonho bom.

Quando recebemos a triste notícia de que você havia perdido a luta para a Covid-19, a Nação Azul chorou e poucas vezes vi uma comoção tão grande. Eu sabia que você era querido, mas não fazia ideia do quanto. A alcunha de “pai” nunca caiu tão bem para uma pessoa, pois a dor que todo cruzeirense sentiu com a sua partida foi semelhante à perda de um ente querido.

Seus feitos jamais serão esquecidos, pois você não sabia, mas era o elo de união de uma torcida gigante e multifacetada como a nossa. A partir deste elo, nasceram várias amizades, namoros e até mesmo casamentos. Não sei se já sabe, mas agora você saiu da vida física e está eternizado. Pablito virou pintura no muro da Sede do Barro Preto ao lado da Salomé. Também vai virar bandeira para continuar sendo presença constante nas arquibancadas do Mineirão, lugar que você tanto amava. Tenho certeza que está muito feliz aí no outro plano com todas as homenagens que vêm recebendo. Isso só mostra o quanto sua missão foi cumprida com louvor entre nós, ou seja, ser o “pai” de todos os cruzeirenses.

E quanto ao Gabriel, saiba que ele tem se mostrado muito forte e pode ter certeza que seguirá o seu legado. Cuidaremos dele, com o mesmo zelo e carinho que você sempre cuidou de nós. O Pablito era o “pai” de 9 milhões e agora estes 9 milhões serão os pais do “Marrentinho”.  

A sua partida precoce não te torna alguém perfeito, mas com ela um dos seus grandes objetivos foi alcançado. A Nação Azul se uniu sem qualquer tipo de diferença. Pena que foi por algo tão triste, mas da tristeza buscaremos forças para devolver o Cruzeiro ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído.

Você lutou como um guerreiro, mas esse  vírus é implacável. Sentirei saudade das nossas eternas discussões, sempre bastante acaloradas e dos bate-papos intermináveis. Continuarei te escrevendo e espero que na próxima carta eu te conte que nosso “Cabuloso” está vivendo dias muito melhores que os atuais!

Até breve, Pai! Seu legado será eterno!

Reprodução Internet

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