A pandemia do coronavírus afetou diretamente todas as áreas da sociedade, entre elas o esporte, pois uma parte considerável da receita dos grandes clubes vem da venda de ingressos durante os campeonatos. Nesse tempo, em todo o mundo, ocorreram adiamentos, cancelamentos e jogos com portões fechados.
Equipe que mais arrecadou com bilheteria em 2019, o Flamengo (Clube de Regatas do Flamengo), por exemplo, teve perdas enormes sem a presença de torcedores em dias de jogos.
Clubes da capital paulista e mineira também sentiram no bolso esse efeito. O Palmeiras (Sociedade Esportiva Palmeiras) esperava arrecadar, em 2020, R$ 64 milhões com o seu torcedor, e arrecadou R$ 7,6 milhões (4 jogos com público e arquibancada virtual). Já o Atlético-MG (Clube Atlético Mineiro) calculou sua meta de arrecadação em torno de R$ 17,7 milhões, mas recebeu R$1,3 milhões.
Uma das principais competições futebolísticas no país, o Campeonato Brasileiro é disputado por 20 times considerados como a elite do futebol nacional. Em 2019, os times que disputaram a competição e algumas outras, como Copa do Brasil, Libertadores etc., arrecadaram R$ 6,1 bilhões.
O valor se referente a direito de TV, patrocínios, sócio torcedor, premiações, transferências de jogadores e, principalmente, bilheteria. Amir Somoggi, sócio-diretor da Sports Value, informou à revista IstoÉ que, “com a manutenção dos estádios vazios e a queda projetada de diversas receitas, os clubes brasileiros apresentarão, em média, redução entre 30% e 40% de suas receitas em 2020”. O Victor Eller Simpson, gerente comercial do fortaleza, afirmou que a falta de público nos estádios representou uma perda financeira enorme para o Fortaleza.
“Aqui, em nosso programa, o grande benefício do sócio de forma gratuita é ter um o garantido por ser sócio torcedor a todos os jogos. Então, com a falta de público, o programa de sócio perdeu grande parte da sua importância.” – informou Simpson.
No ano de 2019, Victor afirma que o clube teve a segunda maior média da Séria A. E que mesmo a bilheteria sendo extremamente importante, o clube consegue arrecadar valores altos financeiramente de outras fontes de renda:
“Superamos clubes como Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco, que são clubes de massa e estados bem mais populosos do que o Estado do Ceará. Isso é muito representativo pra nós.”. Mas, se os clubes recebiam valores altos em dias de jogos como mandante, e agora esse recurso não é possível, o que estão fazendo para suprir os gastos durante a pandemia?
Em entrevista com o Leandro Figueiredo, diretor de negócios do Atlético – MG, ele afirma que: “Existe um impacto muito forte da ausência do público nos estádios. Nós fizemos muitas ações de marketing de relacionamento e de comunicação com torcedor para que essa aproximação com o clube e eles se tornassem cada vez maior.”
Outro ponto importante que Leandro contou que investiu em muita tecnologia, banco de dados e captação de patrocínio. “Você pode perceber que a camisa do Atlético hoje era a camisa com maior receita publicitária da história do clube e também deu uma certa oxigenação para a gente.”
Diante da situação, criptomoeda, chip de celular, loja virtual e programas de sóciotorcedor tornaram-se apostas dos clubes para tentar manter as contas em dia e os torcedores conectados.
Ações de marketing dos clubes brasileiros
Cada clube durante a pandemia se reiventou de uma forma diferente, o Vasco da Gama, por exemplo, criou a CRIPTOMOEDA. Juntamente com o Bitcoin, o clube criou um token digital que representa uma parcela de um ativo geral. Cada Vasco Token representa uma parcela digital de 1 por 500 mil dos direitos do Mecanismo de Solidariedade sobre os jogadores.
Já o Corinthians fez a venda dos Naming Rights da Arena à Neo Química, patrocinador master do clube até 2025. O Naming rights é o direito aplicado à concessão da propriedade nominal de um determinado local a uma marca. Ou seja, o nome que um local, seja ele um estádio de futebol ou um estabelecimento para eventos, recebe.
Nessa mesma linha de se reinventar, o Palmeiras criou a operadora oficial licenciada de telefonia móvel do clube, a Alô Verdão. Ela oferece ao torcedor alviverde uma economia real no plano de celular em relação às outras operadoras.
Mesmo sem perspectiva da volta dos estádios lotados, o objetivo dos clubes é não cruzar os braços no meio de campo, nem esperar a decisão da partida na disputa de pênaltis.
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