Indústria impulsiona crescimento do PIB mineiro em 2024

Paulo André Nacife, presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de Belo Horizonte. Rodrigo Fernandes, presidente do Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares do Estado de Minas Gerais, Flávio Roscoe, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e João Gabriel Pio, o economista-chefe da FIEMG. Foto: Sebastião Junior/FIEMG.

Minas Gerais se consolida como um dos destaques econômicos do Brasil em 2024, com um crescimento robusto do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Segundo o estudo Balanço Anual 2024 e Perspectivas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o PIB mineiro cresceu 2,8% até o terceiro trimestre, impulsionado principalmente pelo desempenho do setor industrial.

Os números apresentados pela FIEMG, em evento realizado nesta quinta-feira (19/12) na sede da entidade em Belo Horizonte, revelam que a indústria no estado registrou uma alta de 4,2%, com destaque para os segmentos extrativo mineral (6,3%), construção civil (8,9%) e energia e saneamento (7,5%).

O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, destacou que o mercado reage às expectativas futuras, muito mais do que em relação ao presente. “A nossa análise desse quadro é que a economia brasileira vem com um bom crescimento, mas impulsionada por forças que não trazem investimento econômico no longo prazo. É aquela injeção de adrenalina que tem um impacto imediato, mas depois já não tem todos os efeitos”, afirmou Roscoe. “Basicamente, o mercado está lento e a injeção de adrenalina uma hora tem que acabar, porque se for demais ela mata o paciente. E o que vai matar o paciente é o endividamento público e o déficit fiscal. E é esse quadro que hoje os agentes econômicos identificam e estão cobrando do Governo uma mudança com relação ao quadro fiscal”, completa.

Cenário nacional e preocupações para 2025

Em um panorama mais amplo, o crescimento econômico do Brasil foi de 3,3% até o terceiro trimestre, liderado pela indústria (3,5%) e pelo setor de serviços (3,8%). Apesar dos resultados positivos, a FIEMG alerta para um cenário de incertezas em 2025. A inflação persistente, as taxas de juros elevadas e o aumento dos riscos fiscais podem desacelerar o ritmo de crescimento nos próximos meses.

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O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, ressaltou que o mercado econômico reage mais às projeções do futuro do que aos resultados presentes. “O crescimento econômico que estamos vendo é impulsionado por fatores de curto prazo, como uma injeção de adrenalina. Isso gera um impacto inicial positivo, mas não é sustentável. O grande problema é o endividamento público e o déficit fiscal crescente, que precisam de uma correção urgente por parte do governo para evitar consequências mais graves”, afirmou Roscoe.

Ele também pontuou que o Brasil ainda carece de políticas de longo prazo que promovam um crescimento sustentado, destacando que medidas paliativas não oferecem segurança para investidores e agentes econômicos.

Mercado de trabalho e impacto no consumo

Um dos destaques do levantamento foi a redução da taxa de desemprego em Minas Gerais, que caiu para 5%, o menor índice desde 2012. No terceiro trimestre deste ano, 11 milhões de pessoas estavam empregadas no estado, com 2,53 milhões de postos de trabalho na indústria, representando um aumento de 5,7% em relação ao mesmo período do ano ado.

Nacionalmente, a taxa de desemprego foi de 6,4%, reflexo do dinamismo observado no mercado de trabalho. Esse aumento na ocupação também impulsionou o consumo das famílias, um dos fatores que sustentaram o crescimento econômico em 2024.

Contudo, a FIEMG alerta que a política monetária restritiva, com juros altos, deve impactar a criação de novos empregos em 2025. Para mitigar esses efeitos, a entidade reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica e programas de qualificação profissional, considerados essenciais para a continuidade do crescimento sustentável no estado.

Flávio Roscoe também criticou os programas sociais que, segundo ele, não dialogam adequadamente com o mercado de trabalho. Foto: Sebastião Junior/FIEMG.
Crítica às políticas sociais e falta de mão de obra

Flávio Roscoe também criticou os programas sociais que, segundo ele, não dialogam adequadamente com o mercado de trabalho. “Estamos vendo empresas reduzindo suas atividades ou até mesmo interrompendo operações devido à falta de mão de obra qualificada. Essa escassez também afeta diretamente a produtividade do setor industrial”, destacou o presidente da FIEMG.

Ele sugere que políticas públicas voltadas ao estímulo da capacitação profissional e à integração social sejam adotadas como parte de uma estratégia para corrigir essa distorção no mercado de trabalho e melhorar a competitividade econômica.

Projeções para a indústria em 2025

O economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio, revelou que a indústria mineira deve encerrar 2024 com um crescimento acumulado de 3,2%. No entanto, ele adverte que a tendência para 2025 é de desaceleração tanto no estado quanto no Brasil.

“A economia mineira tem superado as expectativas nos últimos anos. Quando analisamos a série histórica, percebemos que, a partir de 2021, o crescimento se tornou mais consistente, com uma média de 3,2% entre 2021 e 2023. Nesse período, Minas Gerais performou melhor que a média nacional, registrando um crescimento médio de 4,1%”, explicou Pio.

Ele destacou que, apesar do desempenho superior de Minas Gerais em comparação ao restante do país, o próximo ano será desafiador, principalmente diante do cenário fiscal e das condições econômicas mais apertadas.

Caminhos para o desenvolvimento sustentável

O estudo da FIEMG deixa claro que o fortalecimento da infraestrutura, a inovação tecnológica e a qualificação profissional são pilares fundamentais para garantir o crescimento sustentável da economia mineira nos próximos anos.

A entidade reforça que a recuperação econômica deve ser acompanhada de medidas que promovam investimentos de longo prazo, com foco em setores estratégicos, como energia limpa, mineração sustentável e tecnologia da informação. Além disso, o diálogo entre setor público e privado será essencial para superar os desafios projetados para 2025.

O presidente Flávio Roscoe concluiu o encontro destacando a importância de ações concretas e estruturadas para evitar uma estagnação econômica: “Minas Gerais tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação, mas precisamos de políticas consistentes que garantam um ambiente de negócios favorável e a geração de novas oportunidades para todos os mineiros”.

e aqui para ler o estudo completo.

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