Um estudo publicado na revista científica British Journal of Ophthalmology investigou a prevalência global e regional de miopia em crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos e concluiu que 39,8% desse grupo etário terão a condição até 2050. O trabalho analisou pesquisas feitas com mais de cinco milhões de crianças de 50 países dos seis continentes e identificou que as maiores taxas de miopia estão presentes na Ásia.
Para os pesquisadores, o maior tempo exposto a telas, especialmente durante a pandemia da Covid-19, está entre os principais fatores de risco. De fato, o ‘boom’ de miopia é uma tendência alarmante impulsionada, em grande parte, pelo foco prolongado da visão de perto durante o uso de ‘gadgets’. Hoje, a população americana e europeia tem o dobro de pessoas míopes em comparação com a década de 1970, o que também se verifica no Brasil.
Para evitar a ‘miopização’ de crianças e adolescentes é importante manter uma distância razoável da tela, reduzir a intensidade do seu brilho, estudar em um ambiente bem iluminado, de preferência com luz natural, e deixar as janelas abertas. Se possível, espelhar o celular ou o tablet em uma TV posicionada a cerca de três metros de distância para que o jovem não precise contrair tanto a musculatura ciliar. Em alguns casos, pode ser recomendado o uso de óculos com filtro ultravioleta ou lentes de contato. Existem tratamentos com colírios ou lentes de contato especiais de ortoceratologia para impedir a progressão de miopia.
A exposição excessiva às telas traz, ainda, um outro agravante, a síndrome do olho seco. Uma pessoa pisca em média 20 vezes por minuto, mas ao utilizar dispositivos eletrônicos essa média cai para seis vezes por minuto. Esse fenômeno resulta em um desequilíbrio dos componentes da lágrima e gera um estado de olho seco do tipo evaporativo. Os principais sintomas são sensação de fadiga, olhos irritados e vermelhos, coceira, sensibilidade à luz e visão embaçada.
Para o manejo da síndrome do olho seco existem lágrimas artificiais, que são lubrificantes sob a forma de colírio ou pomada. Também é fundamental piscar mais vezes enquanto está diante da tela e procurar afastar-se dela por alguns minutos a cada meia hora.
Dr. Leonardo Gontijo
- Oftalmologista e sócio do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG); Formado em Medicina pela FASEH; Especialista em oftalmologia pela Santa Casa de Belo Horizonte; Fellowship em córnea, doenças externas e cirurgia refrativa pelo BOS (Banco de Olhos de Sorocaba); Especialista em córnea, catarata e cirurgia refrativa.