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Retirada de cadeiras do Mineirão tem aval de deputados

Desde 2023, movimentos protestam contra a padronização de assentos em todos os setores do Mineirão
Um dos argumentos seria o aumento da receita dos clubes. Foto: Henrique Chendes/Almg.
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 A proposta de retirada de cadeiras nos setores amarelo e laranja do Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, ganhou força durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

O debate foi promovido pela Comissão de Participação Popular, por iniciativa do deputado Professor Cleiton (PV), e reuniu parlamentares, representantes de torcidas organizadas, dirigentes do Cruzeiro, especialistas em segurança e membros da Minas Arena, concessionária que istra o estádio.

O objetivo do encontro foi discutir a possibilidade de recriar a “geral”, espaço popular tradicional nos estádios brasileiros onde os torcedores podiam assistir às partidas em pé e por um preço mais ível.

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A proposta tem como base movimentos como o “Amarelo Sem Cadeira”, que desde 2023 protesta contra a padronização de assentos em todos os setores do Mineirão.

Benefícios apontados

Para o deputado Professor Cleiton, a volta do setor popular traria três grandes benefícios:

Redução no custo dos ingressos, revertendo o encarecimento pós-padrão FIFA;

Maior liberdade das torcidas organizadas para se manifestarem nas arquibancadas;

Aumento da segurança, ao evitar o arremesso de cadeiras – fato recorrente em episódios de violência nos estádios.

O parlamentar ainda citou experiências bem-sucedidas em estádios nacionais e internacionais, como o estádio do Borussia Dortmund, na Alemanha. Ele destacou que a retirada de cadeiras pode resultar no aumento de público e de receita para os clubes.

Em 2024, os 20 maiores clubes do Brasil somaram R$ 10,9 bilhões em receitas, com crescimento de 21% em relação ao ano anterior.

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Apoio político e técnico

Os deputados Eduardo Azevedo, Bruno Engler, Coronel Henrique e Alencar da Silveira Jr. manifestaram apoio à iniciativa. Engler é autor de projeto de lei que visa democratizar o o ao futebol, destacando que a Lei Estadual 23.772/2021 já prevê até 20% da capacidade dos estádios sem cadeiras.

Para ele, a retirada dos assentos atende ao desejo do torcedor comum, que prefere assistir aos jogos em pé.

Perspectivas e cuidados com segurança

Apesar do apoio popular e político, o debate também abordou a necessidade de garantir segurança e conformidade técnica. O engenheiro Gustavo Antônio da Silva, presidente da Associação Mineira de Engenharia de Incêndio, alertou para a necessidade de análise de risco, adequações estruturais, recálculo de arquibancadas e avaliação de rotas de fuga em caso de emergência.

Ele reforçou que mudanças precisam de aprovação do Corpo de Bombeiros e devem seguir normas da ABNT.

A Minas Arena, por meio de sua diretora Jacqueline Alves, informou que já contratou consultoria técnica para analisar a viabilidade da proposta. A empresa expressou preocupação com os custos e o impacto da possível reversão das mudanças para atender à Copa do Mundo Feminina de 2027, caso o Brasil seja confirmado como sede.

Críticas à elitização dos estádios

O jornalista e pesquisador Irlan Simões, do Observatório Social do Futebol, alertou para o risco de que os setores populares se transformem em “guetos”, com consequente aumento dos preços em outras áreas do estádio. Ele e o analista social Diogo Silva, líder do movimento “Amarelo Sem Cadeira”, criticaram o processo de gentrificação dos estádios após a Copa de 2014, defendendo o retorno de espaços mais íveis como forma de democratizar o futebol.

O debate encerrou com a sinalização de que o tema será aprofundado na Assembleia. O deputado Coronel Henrique, presidente da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude, afirmou que assumirá a relatoria de futuras proposições sobre o assunto e acompanhará as negociações entre o Estado, a Minas Arena e os clubes mineiros.

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