
Maio é tradicionalmente o mês dedicado à conscientização sobre a segurança no trânsito.
A edição deste ano da campanha do Movimento Maio Amarelo traz um chamado direto e urgente: “Desacelere. Seu bem maior é a vida”.
A frase resume o espírito da mobilização, que envolve Detrans, órgãos de segurança pública, escolas, empresas, médicos e a sociedade civil em uma iniciativa conjunta de ações para salvar vidas nas ruas, estradas e rodovias do país.
A proposta é simples, mas o desafio é grande. Dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, revelam que, somente em 2023, quase 35 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil — o equivalente a uma vida perdida a cada 15 minutos.
Nas rodovias federais, os números mais recentes reforçam o alerta: 73.121 acidentes em 2024, com 6.160 mortes, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
Esses números não são apenas estatísticas. Por trás de cada dado há uma história interrompida, uma família afetada, uma ausência que a a ocupar espaço no cotidiano de alguém. Neste mês, campanhas educativas, intervenções urbanas, fóruns e atividades culturais em todo o país buscam provocar reflexão e mudança de comportamento. Entre os fatores que também impactam esse cenário, um deles merece mais atenção do que costuma receber: a saúde ocular.
Como oftalmologista, posso afirmar com segurança que a boa acuidade visual é uma condição essencial para dirigir com segurança. Mais de 90% das informações que um motorista recebe ao conduzir um veículo chegam pelos olhos. Quando a visão está comprometida, mesmo sendo sutil, a percepção do ambiente, o tempo de resposta e a leitura de sinais e placas também ficam prejudicados.
Condições como miopia, astigmatismo, catarata, glaucoma e olho seco são mais comuns do que se imagina e, muitas vezes, não são tratadas de forma adequada. Esses problemas podem afetar a percepção de profundidade, a sensibilidade à luz e a capacidade de enxergar bem à noite. A exposição prolongada às telas e a exigência de atenção constante ao volante favorecem quadros de fadiga ocular.
Assim como realizamos a revisão periódica dos freios, pneus e motor do carro, a revisão da visão deve fazer parte da rotina dos motoristas. Algumas doenças oftalmológicas se desenvolvem de forma silenciosa e só são detectadas quando já há prejuízo visual significativo e muitas vezes pode ser irreversível.
Neste Maio Amarelo, deixo um convite à reflexão: cuidar da saúde tem grande impacto na segurança e cuidado com a própria vida e com a vida de todos que compartilham o trânsito.
Por Dra. Paula Veloso Avelar Ribeiro
Oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais
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