A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 80% dos casos de cegueira no mundo são evitáveis por meio de cuidados preventivos, diagnóstico precoce e o ao tratamento adequado.
Com o objetivo de ampliar a conscientização da população sobre essas medidas e alertar para doenças oculares que podem levar à perda da visão, foi criada a campanha Abril Marrom. No Brasil, um dos focos da mobilização é a catarata, considerada a principal causa de cegueira reversível no país.
Outras doenças graves, como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), a retinopatia diabética e o glaucoma — que, se não diagnosticados e tratados a tempo, podem causar danos irreversíveis à visão — também estão no centro das discussões da campanha.
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), mais de 2 milhões de brasileiros convivem com catarata sem o ao tratamento, apesar da existência de uma cirurgia simples e eficaz capaz de restaurar a visão. A doença, que torna opaca a lente natural dos olhos (cristalino), compromete gradualmente a entrada de luz e a nitidez das imagens, resultando em visão embaçada, sensibilidade à luz e dificuldade para atividades cotidianas.
O avanço é geralmente lento e assintomático. De acordo com a oftalmologista Dra. Mylene, do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), embora mais comum na terceira idade, a catarata pode surgir a partir dos 50 anos, especialmente em pessoas com fatores de risco como diabetes, exposição solar sem proteção, uso prolongado de corticoides, doenças renais e alta miopia.
Ela esclarece que a hora certa para operar a catarata é quando ela começa a interferir na qualidade de vida do paciente. Atividades cotidianas como ler, dirigir, cozinhar ou reconhecer rostos podem se tornar desafiadoras à medida que a visão fica mais embaçada. “Ao contrário do que se acreditava no ado, não é preciso “esperar a catarata amadurecer” — atualmente, a recomendação é realizar a cirurgia assim que os sintomas começam a comprometer a rotina. O procedimento é ambulatorial, rápido e seguro, realizado com anestesia local e sem necessidade de internação. A técnica mais comum é a facoemulsificação, que utiliza ultrassom para fragmentar o cristalino opaco, substituído por uma lente intraocular personalizada.
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) também é uma das principais causas de perda irreversível da visão em pessoas com mais de 60 anos. A doença compromete a mácula — região central da retina responsável pela visão de detalhes — e pode evoluir de forma silenciosa, prejudicando atividades como leitura, escrita e reconhecimento de rostos. “Embora não tenha cura, a DMRI pode ser controlada com acompanhamento oftalmológico regular, hábitos saudáveis e, em alguns casos, tratamento com medicamentos ou aplicações intraoculares”, ressalta Dra. Mylene.
O glaucoma está entre as doenças abordadas pela campanha Abril Marrom por ser uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo. A condição é caracterizada por danos progressivos ao nervo óptico, geralmente causados pelo aumento da pressão intraocular. Por se desenvolver de forma lenta e silenciosa, o glaucoma muitas vezes só é percebido em estágios avançados, quando a perda de visão já é significativa.
O glaucoma afeta aproximadamente 80 milhões de pessoas globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) estima que até 2,5 milhões de pessoas convivam com a doença, sendo que cerca de 70% desconhecem o diagnóstico. A detecção precoce, por meio de exames oftalmológicos regulares, é fundamental para conter a progressão da doença. O tratamento pode incluir o uso de colírios, procedimentos a laser ou cirurgia, com o objetivo de controlar a pressão ocular e preservar a visão restante.
Dra Mylene destaca também que a retinopatia diabética também faz parte da campanha Abril Marrom. Complicação causada pelo diabetes, a condição afeta os vasos sanguíneos da retina e pode causar hemorragias, inchaço e, em estágios avançados, até descolamento da retina. Por evoluir de forma silenciosa, o acompanhamento oftalmológico regular é essencial para pacientes diabéticos e diagnóstico precoce e o controle rigoroso da glicemia são medidas decisivas para preservar a visão. Quando detectada em fases mais avançadas, a doença pode exigir tratamentos como aplicação de laser, injeções intraoculares ou cirurgia.
A médica destaca que, mesmo nos casos de perda de visão irreversível por falta de acompanhamento precoce, a aviação oftalmológica continua essencial para a reabilitação visual. Realizada por profissional especializados em visão subnormal, busca oferecer mais autonomia e independência ao paciente.
Dra. Mylene Matsuhara
(Oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais, membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal)
