De como a Música beneficia o corpo, a alma e a medicina, observando a atividade presencial de artistas bem intencionados e qualificados tanto em hospitais quanto em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Com o advento da física quântica e o progresso da ciência, a música deixa de ser considerada um mero entretenimento e a a ser comprovadamente um antídoto para muitos males tanto psíquicos quanto orgânicos.
O som emite somas energéticas e quantum vibracional capaz de afetar os componentes atômicos que se aglutinam na realidade, gerando este amontoado de átomos o que se convenciona chamar de “forma material”.
Eles – os átomos formados por prótons, nêutrons e os elétrons gravitando ao redor – respondem à frequência e agem alinhados em variados padrões definidos por densidade ou sutileza em múltiplas dimensões (micro, nano, macro…).
Caso um padrão entre em dissonância com o corpo ou uma parte deste, o resultado que se obtém é um mal: doença, dor, sofrimento, angústia ou moderada inquietação.
“Quando a pessoa está em desarmonia com ela mesma ou com alguém, essa desarmonia se manifesta no corpo com alguma anomalia”, afirma o professor Adamor Neves.

Adamor é psicoterapeuta, músico e doutor em istração. Foi professor de Gestão de Marketing e Recursos Humanos, com amplo currículo de atividades. Sendo também escritor, seu último livro publicado foi “O Corpo é Projeção da Mente: Origem mental da Doença”.
“(…) Às vezes ela nem sabe o porquê, mas se ela começar a pensar na situação vai ver que ela está numa situação de desarmonia.”, diz ele em relação a pessoas de modo geral.

A música não somente interfere como também estimula o psiquismo individual e coletivo, consciente e inconsciente existente a um só tempo: presente, ado e possíveis futuros.
“Porque toda doença – a maioria dos casos: 95% – está sempre associada a algum tipo de desarmonia”, continua Adamor, esclarecendo quanto à força do pensamento ser diretamente proporcional ao bem ou ao mal que representa para o próprio ser pensante.
O agente psíquico que move o indivíduo também reproduz corpúsculos negativos, que funcionam como agentes virulentos, tumores cancerígenos ou cistos.
Ideações obsedantes, deprimentes ou em sintonia com ódio, ciúmes e inveja também dão força e alimentam colônias das mais variadas bactérias que se vêem poderosas contra um sistema imunológico debilitado, enfraquecido de dentro para fora.
Doenças são Pensamentos desordenados e Emoções perturbadoras
Segue-se a este preâmbulo a experiência compartilhada por um músico de Belo Horizonte, Minas Gerais, que assumiu o sacerdócio integralmente, convertendo sua ação em caridade.

Tiago Oliveira é um multi-instrumentista, compositor/arranjador e professor de música, mineiro da capital Belo Horizonte. Iniciou seus estudos quando tinha seus 19 para 20 anos de idade e, após ser iniciado na arte violinística pelo professor Marcus Vinicius, seguiu sua jornada nos estudos como um autodidata, aprimorando ao máximo a técnica e desenvolvendo a sensibilidade.
Contando 20 anos de carreira, determinou para si realizar um intento derivado de uma frustração peculiar:
Confiou a um ex-vereador certo projeto que não foi adiante pelo então político: o assim intitulado pelo músico “A Lira de Orfeu”.
E ado o tempo, prosseguiu obtendo sucesso ao estabelecer a meta de realizar o referido Projeto.
“A Lira dispõe ações que são efetivadas por meio da música, sendo ela feita ao vivo por um instrumentista. Neste caso, eu. Quando percebi que o projeto que escrevi e mostrei ao dito vereador não foi, nem iria, pra frente, de modo a se tornar viável como lei, fui estimulado para buscar fazer acontecer eu mesmo…”, diz ele com um sorriso despretensioso.
Obtendo o o aos ambientes selecionados, sob o governo municipal na grande maioria, relata que, em hospitais, a dificuldade inicial era quebrar o paradigma de que é imprescindível a existência do dito silêncio nos corredores, alas e recepções.

De tantos locais nos quais tocou e ainda toca “A Lira de Orfeu”, é curioso tomar nota do que disseram a propósito desta atividade voluntária quem se considerou beneficiado.
Vejamos:
Hospital Nossa Senhora Aparecida, o “Cidinha”
“Foi muito bom”, diz Mara, enfermeira do setor de Clínica Médica do Odilon Behrens.
“Equipe toda, e os pacientes, receberam positivamente; foi muito tranqüilo, muito gostoso, muito relaxante para todos nós.”
Antes um hospital privado, o Cidinha se encontra no bairro São Paulo e integra o Complexo Hospitalar Odilon Behrens desde setembro de 2010. Por esta razão, funcionários de ambos os hospitais estão em constante intercâmbio e colaboração de funções e cargos.
Trabalhando no Cidinha, Mara continua seu depoimento:
“E que eu me lembre, assim, há muito tempo atrás, eu vi isso no Odilon Behrens; de vez em quando tinham esses profissionais que iam pra tocar.”
E finaliza:
“No local onde eu trabalho tem muitos idosos, frágeis, que muitas vezes, também, não têm o acompanhamento da família, um apoio… não têm outras atividades ali dentro… A música é transformadora.”
UPA Nossa Senhora Aparecida
Localizada no mesmo prédio do Cidinha, no setor térreo, Tiago fora convidado e muito bem recebido por Rute Maia, técnica de enfermagem.
O som da música chegou ao ambiente e a presença do músico se tornou mais constante, desde então.
“Não me lembro exatamente o dia, mas foi muito gratificante ouvir uma música linda e confortante em um ambiente em que as pessoas estão doentes; a música é essencial”, afirma ela.
Conta Tiago:
“Rute demonstrou um grande carinho por mim. E perguntou se eu podia tocar na UPA. Bem, eu não tinha travado qualquer conversa com a istração desta, e estava lá pelo Cidinha…”, afirma ele, dando de ombros.
“Um funcionário, olhando para mim e ando por nós, sorriu e comentou com Rute sobre o porquê de não me levar para tocar no local, no ambulatório e ala de internação, digo. Eu estava no segundo andar, frente a uma escada. Só era preciso descer.”
Ele relembra um fato deste dia, rindo de satisfação aparente:
“Eu estava com o violino, tocando… e teve uma senhora que me pediu pra tocar Tico-tico-no-Fubá e depois a Marcha Nupcial, sorrindo de orelha a orelha”.
Esta era Eliane, colega de Rute, também técnica de enfermagem, que contou ter um filho músico, violista.

“Eu não toquei nem o Tico nem a Marcha. Não de pirraça, mas porque o objetivo é utilizar a música sem com isto afetar o campo da memória de quem está presente. Assim, ativar o máximo da sensibilidade do pessoal pelo que eles podem realmente captar através do sentimento livre de racionalismos egocentristas.”
HOB (Hospital Odilon Behrens)
O Hospital Metropolitano Odilon Behrens possui grande capacidade de atendimento e uma estrutura que foi sendo erguida a partir de 1941, recebendo milhares de pacientes diariamente conveniados pelo SUS.
São cerca de 2.800 funcionários e aproximadamente 521 leitos somados a um número elevado de gente em busca de atendimento e acompanhamento dos seus entes queridos internados.
Carlos Sérgio de Jesus é um destes servidores do HOB, atuando no setor de Análises Clínicas:
“Eu tive o privilégio – o contato – de ouvir o Tiago tocando lá no hospital em abril de 2023. (…) A primeira sensação foi, claro, de surpresa (porque, até então, não tinha visto um músico tocando assim na área hospitalar)”, lembra Carlos.
“E fiquei assistindo ele tocar. E como os outros presentes também ficaram escutando… Logo depois teve a salva de palmas pra ele, porque é uma coisa que é muito diferente; e é bacana de acontecer porque a gente ‘tá naquela correria…!”
Ele continua:
“Serviço hospitalar é um serviço que tem uma pressão – que tem uma demanda! –, a gente não pode deixar de falar que é estressante. Então naquele momento que a gente pode parar um pouquinho pra escutar aquela música, a gente consegue dar uma desligada de tudo aquilo que ‘tá acontecendo e permitir sentir as energias boas que a música emana.”
E conclui:
“Então permite que a gente dê uma relaxada, uma desligada de tudo aquilo pra focar só na música… e voltar depois com uma outra sensação – uma outra energia, renovada! – pra gente poder estar executando as nossas tarefas.”

UPA Odilon Behrens e a abertura para Músicos Voluntários
No bairro São Cristovão, bem ao lado do próprio Hospital Metropolitano, esta Unidade de Pronto Atendimento foi uma sugestão de inclusão por parte de Helder Oliveira, então assessor de comunicação e ouvidor do HOB, pelo que conta Tiago.
“Conheci o Helder há muitos anos atrás, quando fui visitar o irmão de um amigo também músico. Ele estava internado no terceiro andar do hospital e, como na época eu tocava a Lira como voluntário no João XXIII, dei a ideia pra ele de iniciarmos os recitais no Odilon”, diz Tiago em referência ao Pronto Socorro João XXIII, que tinha um núcleo de voluntariado chamado Abelhinhas.
Tiago conclui:
“Pra dizer a verdade, muito recentemente até, além do Cidinha, foi o Helder quem me encaminhou para fazer música nas duas UPAs, nas quais eu toco atualmente. Veja só: Haja vista que se eu não tocasse no Cidinha, o pessoal da UPA Nossa Senhora dificilmente saberia sobre meu serviço voluntário.”, reflete.
Com o pouco tempo de recitais na UPA Odilon Behrens, o programa de música executado pelo voluntário Tiago tem tido boa repercussão por parte de funcionários, pacientes e visitantes.
As visitas são semanais e seguem um fluxo de temporadas articulado junto à istração responsável pelo ambiente, que por sua vez favorece o músico no que for possível para seu bem estar.
De modo geral, para que a música não faça mal às pessoas em um dado local, só é preciso observar a amplitude do volume em associação ao tempo que se toca a música, a qualidade técnica do instrumentista e o estilo do repertório alinhado à interpretação do artista.
Quem se interessar em ser voluntário, apenas precisa se ater a estes parâmetros e se colocar à disposição de corpo e alma para a função, geralmente procurando a Assistência Social ou Assessoria de Comunicação.
Por fim, Tiago alerta, no entanto, que até mesmo respeitando estas bases em seus recitais voluntários e gratuitos, sendo virtuoso e cordial, já fora hostilizado ou repudiado por pacientes, acompanhantes e funcionários devido ao seu trabalho.
Ora alguém reclama do volume do instrumento; ora alguém se incomoda com aquela música que está sendo tocada; outra vez é a burocracia ou um notório descaso por parte da istração local que pode desestimular e se tornar um fator que desanima ao músico sair de casa para tocar de graça para pessoas que podem não valorizar seu ato, conta ele.
Mas, agindo em nome do Bem maior, é preciso crer que esta ação seja um ato de amor verdadeiro, e que este nada pede ou exige em troca para existir e favorecer os seus escolhidos, afirma Tiago.
Quem faz o bem, começa fazendo a si mesmo; quem ama, é favorecido por paz profunda.
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Tiago Boson
Multi-instrumentista autodidata, compositor, professor de música, pintor, ilustrador, escritor/poeta (não publicado).
E-mail: [email protected]
Instagram: @tiagoboson
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