De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% de todas as causas de deficiência visual podem ser preveníveis ou curáveis.
(Dra. Isabella Fernandes Ribeiro Melo, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), especialização pela Santa Casa de Belo Horizonte, atuação clínica e cirúrgica).
Receber a notícia de perda da visão, parcial ou total, é um momento doloroso que impacta sensivelmente todas as esferas da vida de qualquer pessoa, seja uma criança ou um adulto. O oftalmologista tem um importante papel nessa jornada, deve acolher e abordar a situação de forma cuidadosa e empática, com o objetivo de ajudar o paciente a lidar e adaptar-se à nova realidade.
No diálogo com a criança, o médico deve ser honesto, mas explicar de maneira lúdica para uma melhor compreensão, e oferecer apoio e orientação a ela e à sua família. Seja qual for o perfil etário, como profissionais temos que indicar recursos e serviços de auxílio para uma melhor adaptação à situação de baixa visão ou cegueira, com o apoio de uma equipe multidisciplinar.
As dificuldades enfrentadas no dia a dia pelas pessoas com cegueira total ou parcial variam segundo a idade, estilo de vida e condição socioeconômica. Os desafios mais relatados pelos meus pacientes incluem dificuldade em se locomover de forma independente, quando não recebem uma correta adaptação e instrução de auxílio; e autoestima abalada, levando-os a se sentirem inseguros ou desmotivados.
As orientações apresentadas pelo oftalmologista vão ajudar na qualidade de vida dessas pessoas, e consistem em informações sobre centros de reabilitação, grupos de apoio e tecnologia assistiva; e emocional e psicológico ao paciente e à sua família; prescrição de assistentes visuais como óculos, lentes de contato, lupa e telescópio; encaminhamento a um especialista em reabilitação visual para desenvolver melhorias na realização de atividades cotidianas; direcionamento para centros de ensino de sistema de escrita tátil (Braile); instrução de técnicas de mobilidade, como o uso de bengalas.
Por falar em órtese externa (“bengala longa”), sua coloração identifica o grau de deficiência visual do usuário, e o SUS fornece a bengala. A órtese externa branca destina-se a pessoas com cegueira; a verde é para pessoas com baixa visão; a vermelha e branca para pessoas surdo-cegas.
Ressalto que conhecimento é fundamental para entender o cenário e ter seus direitos assegurados. As leis de ibilidade são um importante avanço para a sociedade e os pacientes, principalmente durante as atividades rotineiras, pois garantem que eles tenham os mesmos direitos e oportunidades que as pessoas sem deficiência, com segurança e autonomia, tendo uma vida digna e com qualidade. Separei algumas medidas para melhor compreensão:
- Pisos táteis permitem que as pessoas com deficiência visual se locomovam com segurança em locais públicos, como ruas, calçadas e estações de metrô.
- Escolas inclusivas contribuem para que as crianças com deficiência visual tenham o ao estudo regular, com o devido e. Cabe acrescentar que foi aprovado um projeto de lei em novembro deste ano, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para que instituições de ensino públicas e privadas do estado ofereçam alfabetização e letramento pelo Sistema Braile à pessoa com deficiência visual.
- Também aprovado em novembro deste ano, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), outro projeto de lei amplia a proposição de 2008, que assegura às pessoas com deficiência visual o direito de receber contas de água, energia e telefone em braile, e também em letras ampliadas ou em outros formatos íveis.
- Leis de ibilidade no trabalho, com a adaptação necessária para que as pessoas com deficiência visual realizem suas tarefas.
- Hospitais e clínicas íveis, com apoio de locomoção e comunicação, garantem o o a cuidados de saúde de qualidade.
- Espaços culturais e de lazer íveis, como cinemas, teatros, museus e parques.
Cegueira pode ser prevenida
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% de todas as causas de deficiência visual podem ser preveníveis ou curáveis. As principais causas de cegueira que podem ser prevenidas são:
- Erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia), que podem ser corrigidos com óculos, lentes de contato ou cirurgia.
- Catarata, uma opacidade do cristalino – a lente natural do olho – que pode ser corrigida por meio da cirurgia, um procedimento seguro e eficaz para restaurar a visão.
- Glaucoma, doença que danifica o nervo óptico que transmite as imagens do olho para o cérebro, e seu tratamento pode retardar ou prevenir a perda de visão.
- Retinopatia diabética, uma complicação do diabetes que pode causar danos à retina, mas pode ser tratada mediante um bom controle glicêmico da doença de base, o diabetes.
- Trauma ocular, que pode ser causado por acidentes, esportes ou violência.
Concluindo, a prevenção de alguns casos de cegueira começa pela visita periódica ao oftalmologista e sempre que o paciente apresentar algum incômodo.
Dra. Isabella Fernandes Ribeiro Melo
Oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (IOMG), especialização pela Santa Casa de Belo Horizonte, atuação clínica e cirúrgica.