Afasta de mim esse cale-se

A história continua… Foram dezenas de pessoas presas, desarmadas, subjugadas, dentre elas crianças mulheres idosas levadas para um campo de concentração, mas ninguém se importou. Estavam apenas exercitando o extinto direito à livre expressão.
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Pai. Afasta de mim esse cale-se (cálice). De vinho tinto (de vermelho) sangue. Foto: André Carvalho/Arquivo Pessoal.

Alô a todos!

Estava ouvindo uma música, dessas da velha guarda, Chico Buarque de Holanda, um gênio como compositor e intérprete, mas um jegue como político. Enfim, a música era um clássico de Chico Buarque e Gilberto Gil de 1973, para uma apresentação, da gravadora Phonogram. Cálice nasceu sob polêmica e censura, foi vetada pelo governo militar da época, e só seria gravada 5 anos depois, no álbum – Chico Buarque, 1978.

Com uma mensagem de cunho político e social, a canção chamava atenção pela relação com o tema da Paixão de Cristo, e pelo teor de crítica subliminar, fato que a fez ser censurada pela ditadura e até durante a apresentação da dupla naquele mesmo festival.
O que o próprio Chico não pensou, foi que depois de tantos anos ela representaria tanto esse momento de DITADURA que estamos presenciando, tendo como pilar a Justiça Brasileira. Vamos aos fatos:

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O primeiro que cassaram foi Alan dos Santos. Mas ninguém se importou. Era apenas um jornalista. Depois foi o Osvaldo Eustáquio – prenderam e calaram sua voz. Mas era apenas um jornalista. Na sequência prenderam Daniel Silveira. Mais uma vez calaram sua voz, proibiram sua reeleição, anularam seu indulto, mas ninguém ligou. Era um deputadozinho federal e ninguém falou nada.

Em seguida foi Roberto Jefferson, preso, calado, perdeu o emprego, mas pra que se importar? Era apenas um líder de partido. Em seguida, cassaram (a justiça) um deputado do Paraná porque ele questionou as urnas eletrônicas – Mas como duvidar de urnas cuidadas pelo famoso “Egg head”, o senhor de todas as verdades – …

Depois foram dezenas de blogueiros, influenciadores digitais, dezenas de plataformas que foram desmonetizadas (pela justiça) censuradas e fechadas, mas ninguém se importou. Era apenas Fake News.

A história continua… Foram dezenas de pessoas presas, desarmadas, subjugadas, dentre elas crianças mulheres idosas levadas para um campo de concentração, mas ninguém se importou. Estavam apenas exercitando o extinto direito à livre expressão.

Afastaram então o Governador de Brasília, o comandante da polícia militar, o secretário de segurança pública – todos presos, mas ninguém se importou, faz parte da luta pela “democracia”. Um ex-ajudante de ordem do ex-presidente, também foi preso, mas era apenas um coronel.

Cassaram então SEIS mandatos de deputados cearenses, mas ninguém se importou, eram apenas parlamentares estaduais. Não quebraram o sigilo telefônico de Adélio Bispo, mas apreenderam e quebraram o sigilo telefônico de Bolsonaro. Apreenderam o cartão de vacinação dele, mas nada disso foi levado em conta. Ora, era um cartão de vacina responsável por toda a corrupção da política brasileira.

E com o andar da carruagem, cassaram o mandato de Deltan Dallagnol – ou seja, cassaram 400 mil votos, mas, era só um procurador que investigou o episódio “Petrolão”, um dos maiores escândalos do Brasil.

Aí é a hora de voltarmos ao Chico: – “Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta? Mesmo calada a boca, resta o peito, silêncio na cidade não se escuta Pai. Afasta de mim esse cale-se (cálice). De vinho tinto (de vermelho) sangue.”

Ninguém comete novos erros. São os mesmos erros cometidos por velhos atores. E a gente que se exploda.

Até a próxima semana.

José Francisco Rezende

 

 As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do portal Balcão News.

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