A vida moderna nos tem privado da visão monumental das estrelas, mas o astroturismo tem buscado resgatar essa conexão, associando ecoturismo, preservação ambiental, astronomia e outras ciências correlatas.
A astronomia é a mais antiga entre todas as ciências do conhecimento humano.Ver além das nuvens está deixando de ser privilégio dos pesquisadores com a multiplicação de observatórios como espaços de saber e entretenimento para quem gosta de olhar para o céu e estudar os astros.
Santuário do Caraça. Foto: Adriano Ferreira(Flickr)
As atividades de observação podem ocorrer em locais escuros, longe das luzes das cidades, ou a partir de observatórios astronômicos, planetários, casas e museus de ciência com foco em astronomia, mesmo em centros urbanos.
Embora ainda incipiente, o setor começa a ganhar projeção, principalmente nos últimos dois anos e já há agências e profissionais atuando com foco específico no turismo das estrelas. Alguns dos roteiros oferecem atividades de turismo astronômico atreladas a outras formas de ecoturismo, astrofotografia, montanhismo ou mesmo na interface de atividades acadêmicas, astronomia amadora e de divulgação da ciência.
Na Estrada Real, ainda há diversos locais com condições ideais para a observação astronômica, seja com finalidade científica, recreativa ou para pura contemplação.
Em fase de manutenção,o Observatório Astronômico da Escola de Minas é aberto à visitação de escolas, turistas e moradores de Ouro Preto. Construído no fim do século XIX como apoio para ministrar a disciplina de Astronomia e Geodésia, o Observatório de Astronomia da Escola de Minas possui, em seu acervo, o telescópio refrator Mailhat, criado na França, no final do século XIX, e o refrator alemão Gustav Heyde que possui mais de cem anos e é um dos mais antigos do Brasil em uso.
Com a extinção da disciplina na década de 1970, o observatório ou a ser aberto à visitação de escolas, turistas e moradores de Ouro Preto. Em 1992, o local ou a desenvolver projetos de estímulo à astronomia, por meio da criação da Sociedade de Estudos Astronômicos de Ouro Preto (Seaop). Hoje, o observatório também desenvolve o projeto “Astronomia vai às escolas”, que tem como objetivo a difusão da astronomia junto às instituições de ensino fundamental e médio, e o “Astronomia na Comunidade”, voltado para o público em geral.
O Observatório do Valongo está situado no Morro da Conceição, na cidade do Rio de Janeiro, em um campus próprio pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a mais antiga do Brasil e, até menos de dez anos atrás, a única no País a oferecer o curso de graduação em Astronomia. Além de intensificar o trabalho realizado junto a escolas da região, oferecendo seminários e cursos para alunos e professores, a equipe estimula as visitações públicas ao Valongo para que possam conhecer o acervo instrumental e a história da estrutura, fortemente ligada às transformações ocorridas no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Também acontece observações noturnas e a criação de cursos de astronomia dedicados ao público de todas as idades.
Não está na rota Estrada Real, mas pertinho! O Observatório Pico dos Dias (OPD), localizado na Serra da Mantiqueira, em Brasópolis – Minas Gerais, é referência na astronomia profissional brasileira.Situado a 1864 m de altitude, é o principal observatório profissional em solo brasileiro para observações astronômicas. Quatro telescópios estão em operação à disposição de astrônomos profissionais, para realização de pesquisas, que também recebem grupos turísticos em sessões de observação noturna.
Observatório Serra da Piedade. Foto: portalminasgerais.com.br
Mesmo fechado, não podemos deixar de citar o Observatório Astronômico Frei Rosário, na Serra da Piedade, que era mantido pela Universidade Federal de Minas Gerais e oferecia aos visitantes equipamentos especiais para conhecer mais de perto a astronomia, despertando o interesse científico, em todos os níveis, mediante a apresentação da Astronomia enquanto instrumento eficaz de disseminação do conhecimento.
Há também planetários espalhados, não só na Estrada Real, mas em diversas cidades brasileiras que, tradicionalmente, já recebem bom contingente de turistas.E explorar o Universo fica mais simples, bastando visitar um Planetário! Nessas instalações, é possível apreciar produções audiovisuais – que, em geral, tratam de Astronomia – de forma muito mais imersiva, já que as imagens são projetadas em uma tela com formato de cúpula.
A Fundação Planetário da cidade do Rio de Janeiro tem duas cúpulas: a Carl Sagan, inaugurada em 1998, e a Galileu Galilei, que funciona desde 1970. Juntas, elas comportam cerca de 350 pessoas. As Sessões de Cúpula, nas quais acontecem as projeções, prometem ao visitante um mergulho na temática da Astronomia.
E tem dica para quem é de Belo Horizonte: Espaço do Conhecimento UFMG!
O museu de ciência e cultura da Universidade, localizado na Praça da Liberdade, oferece uma experiência audiovisual de maior profundidade e total envolvimento.
Enquanto um projetor analógico permite que o Planetário reproduza o céu do ado e do futuro, em qualquer hora e lugar, os projetores digitais exibem filmes diversos no domo. Criadas pelo Núcleo de Audiovisual, o museu traz produções autorais que tratam de assuntos como as paisagens naturais e manifestações culturais, como arte e dança.
A ascensão de um perfil de turista mais exigente e em busca de novas experiências, faz do astroturismo, um resgate do contato com a natureza, observar as estrelas, a Lua, os planetas e outros tantos fenômenos que motivaram o começo da nossa aventura de compreensão do universo.
Estrada Real: Uma estrada, seu destino!
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Daniel Magalhães Junqueira