Surto de sarampo ameaça saúde ocular

O sarampo é altamente contagioso e considerado uma das principais causas de morte entre crianças em todo o mundo.
[gspeech-circle]
Vacina contra sarampo previne doenças oculares. Foto: Agência Brasil.

Em 2016, o Brasil foi reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) por ter erradicado o sarampo com seu Programa Nacional de Imunizações (PNI). Infelizmente essa conquista não durou muito tempo e desde 2018 o país vem registrando surtos da infecção viral, como alerta a OMS (Organização Mundial da Saúde).

O sarampo é altamente contagioso e considerado uma das principais causas de morte entre crianças em todo o mundo. Quando não leva a óbito, a doença pode deixar uma série de sequelas permanentes, inclusive na visão. Para entender o quão preocupante é o cenário, bebês em formação podem desenvolver ceratite intersticial, que gera cicatrizes na córnea e impede o desenvolvimento de uma visão razoável, resultando em ambliopia, ou “olho preguiço”, como é popularmente conhecido. Embora a ambliopia possa ser curada, se houver muitas cicatrizes na córnea, o tratamento não surtirá o efeito desejado.

 A infecção viral pode causar outras lesões na córnea de crianças e adultos, especialmente em pessoas desnutridas ou com verminoses. Isso porque o vírus gera um sinergismo e uma hipovitaminose do tipo A hiperaguda, que pode desencadear um melting (afinamento ou perfuração) das estruturas anteriores dos olhos, como também uma baixa da visão noturna. São raras as alterações visual de tal infecção, mas quando associada a um quadro de desnutrição severa, são graves.

Publicidade

O tratamento será definido de forma individualizada, considerando o tipo de dano ocular e sua extensão, o que pode consistir em uma reposição de vitamina A, tratamento de parasitose intestinal – se houver –, manejo de complicações visuais e lubrificantes. 

A vacinação contra o sarampo é eficiente e é a única forma de prevenir complicações e mortes. Apesar de ser disponibilizada pelo SUS, a baixa cobertura vacinal e a não erradicação pelos países vizinhos fazem com que ciclos de novos surtos se perpetuem no nosso país.

(Dr. Leonardo Coelho Gontijo, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais, especialista em córnea, catarata e cirurgia refrativa).

Mantenha-se atualizado com as notícias mais importantes

Ao pressionar o botão Inscrever-se, você confirma que leu e concorda com nossos Termos de Uso e as nossas Políticas de Privacidade