Entendendo o medo infantil

Coluna Paternidade Consciente – Guto D’Assumpção
Deposit Photos

Todo mundo sente medo de alguma coisa, seja de animais, de situações ou elementos fantasiosos. Eu tenho um amigo que tem medo da figura do Mestres dos magos, do desenho Caverna do dragão. Mas o medo é algo que faz parte do instinto humano, sendo um mecanismo de proteção muito importante, e sem ele estaríamos vulneráveis. Esse mecanismo ou recurso de proteção do nosso corpo, que nos ajuda com esse sentimento em relação ao desconhecido, é parte do nosso processo evolutivo.  Por que com as crianças seria diferente ? Na infância esse sentimento acaba sendo mais evidente e, ao contrário de nós adultos, as crianças não compreendem diversas situações ou realidades, e devem ter seus medos legitimados e receber o devido acolhimento. Curiosamente as meninas tem uma maior capacidade de externar seus medos do que os meninos. Geralmente os medos mais comuns conforme faixa etária/etapa do desenvolvimento são: 

• De 0 a 6 meses: perda de apoio, quedas, barulhos intensos; 
• De 7 a 12 meses: pessoas estranhas, separação dos pais; 
• De dois a cinco anos: separação dos pais, barulhos estranhos, escuro, mudanças ambientais. Algumas crianças podem sentir medo de objetos grandes, máscaras e animais;
• De seis a oito anos: seres sobrenaturais, lesões corporais, escuro, trovoadas, ladrões; 
• De nove a 12 anos: desempenho escolar, lesões corporais, aparência física, escuro, morte, futuro; 
• De 13 a 18 anos: falha social, sexualidade

Um fato importante a ser dito é que, durante a pandemia, temores diferentes surgiram em todas as idades, mas principalmente nas crianças, acarretado pela mudança no comportamento social. O medo do vírus e da morte acabou gerando um medo nos pais, e que acaba transferindo esse sentimento de insegurança aos pequenos. Outro fator curioso publicado em uma pesquisa do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Cerebrais Humanas, em conjunto com a Universidade de Uppsala, por exemplo, mostra que alguns medos podem ser hereditários, como cobras ou aranhas. Entendermos todo esse mecanismo é extremamente importante, até para que possamos dar a nossos filhos o apoio e afeto nessas situações.

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Como forma de ajuda-los a enfrentar essas questões, existem mecanismos, como usar um bichinho de pelúcia ou outro brinquedo, para que o filho possa se sentir mais seguros ou protegidos. Quando os pequenos sentem medo, como pais, é nosso papel abraça-los e acalma-los. Mas como dito anteriormente, sem potencializa-los, devemos legitimar esses medos, pois é um sentimento natural. Devemos sim ficar a atentos quando esses medos são excessivos, pois podem esconder alguma questão ou acontecimento que levaram a esse sentimento de medo. Se esse sentimento realmente estiver fora do normal, devemos ficar alertas pois podem se transformar em uma fobia, de devemos encontrar e entender os motivos, sempre com ajuda profissional. Situações como abusos, bullying e outras situações traumáticas podem levar ao medo excessivo e acabar desenvolvendo fobias graves. Se torna preocupante pois acabam atrapalhando as atividades da criança como ir à escola, brincar, dormir e fazer amigos ou ando a dificultar o desempenho esperado para a idade. Apoio, empatia e acolhimento são essenciais nessas situações, e cabe nós pais ajudarmos nossos pequenos a vencer esses medos.

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do portal Balcão News.

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