Certo dia meu amigo Raphael Maia me indicou um assunto a ser abordado aqui na coluna, me enviando um texto e uns posts do perfil @umamaepediatra a respeito deste tema, a carga mental e sobrecarga materna. Após ler o que ele havia me enviado, e mais alguns textos sobre o assunto, ei a fazer uma análise sobre a minha própria paternidade. Em uma sociedade estruturalmente machista como a que vivemos, é jogado sobre a mulher toda a carga mental relativa aos cuidados com as crianças, enquanto os pais se escondem atrás dos “seus afazeres”. Como as mulheres ganharam muito espaço no mercado de trabalho nos últimos anos, somados aos cuidados maternos, trouxe uma carga brutal sobre seus ombros. Essa sobrecarga materna acaba por trazer inúmeros problemas de saúde para elas, como depressão, síndrome do pânico, crises de ansiedade, síndrome de Burnout e etc. Além de todos esses transtornos individuais que podem gerar, podem também causar danos nas relações com seus parceiros.
Vemos um movimento crescente de pais que buscam ser mais participativos, ajudando nos cuidados com o bebê, mas será que essa divisão está justa? Algumas situações, que muitas vezes am despercebidas, indicam que na grande maioria das vezes não. Essa sobrecarga vai muito além das atividades domésticas propriamente ditas, vindo principalmente do planejamento doméstico que envolve o dia a dia de nossa casa. As mulheres têm uma rotina mental exaustiva, além de lhe dar com todos os seus afazeres pessoais e profissionais, ainda ficam com o cérebro ligado 24 horas em função de alguém. Por mais participativos que nós pais sejamos, nossa carga é bem menos pesada, ao menos na imensa maioria dos lares. Como pensar em outras coisas se sua mente está ligada 24 horas nos cuidados de uma criança ? Eu procuro ser um pai muito presente, e participo de quase todas as atividades da Sofia, mas confesso que carrego um fardo muito menor. Um exemplo do que estou falando está acontecendo neste momento.
Por necessidade de isolamento da Dani com suspeita de Covid, ficamos todos isolados em casa, e ela no quarto. Eu me deparei com a situação de cuidar sozinho, dentro de um apartamento, de uma criança de 3 anos explodindo em energia. Olha, é extremamente exaustivo. Percebi que preciso me preparar mais, de dividir mais o fardo. Por isso não esperem que sua companheira peça ajuda, se ofereça para dividir esse peso. Muitas das vezes elas não conseguem se abrir ou enxergar que precisam de ajuda, e nós pais devemos ajuda-las.
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