Desde que me tornei pai de menina algumas questões aram a ter um sentido diferente, me fazendo buscar uma nova visão e atitude sobre uma série de fatores. Após esses três anos de vida da Sofia, presenciando uma série de situações, posso dizer que tenho uma visão completamente diferente em relação a necessidade de se defender a igualdade de gênero. Vindo de criações machistas, que impõe padrões diferentes para meninos e meninas, muitas vezes temos dificuldades de enxergar o malefício que causamos às nossas crianças e, em consequência, a nossa sociedade. Quando os pais entenderem que as características atribuídas a meninos e meninas são culturais e não biológicas, eles certamente terão mais facilidade para criarem meninos livres, que não sejam obrigados a jogar futebol e podem chorar sem serem julgados. Assim como as meninas terem ou não a opção de brincarem de boneca, de carrinho, de jogar bola. Segundo especialistas, moldar atividades com base no sexo biológico pode limitar o desenvolvimento infantil, já que os brinquedos tradicionalmente direcionados aos meninos tendem a desenvolver mais habilidades espaciais, assim como brinquedos marcados como “femininos” estimulam mais competências de sociabilidade e cuidado com o outro.
Quando limitados a um dos tipos, as crianças deixam de desenvolver certas aptidões. Esse fim de semana levamos a Sofia a um parque da cidade, e pudemos observar algo que ilustra exatamente isso. Havia uma série de crianças brincando, subindo e descendo nos brinquedos, com escadas e escorregadores, em um calor muito forte. As meninas, vestidas com vestidos e meia calça, claramente sofriam com o calor e as limitações de movimentos das roupas. Em contrapartida, os meninos, de short e camiseta, brincavam muito mais confortáveis. Os meninos e meninas devem ser estimulados de forma igual, dando a eles a mesma possibilidade de desenvolver suas atividades. Essa mudança começa dentro de casa, com o exemplo dos pais.
Crianças que crescem em ambiente de desequilíbrio das atividades, tendem a levar esse comportamento para o resto de suas vidas. Cabe a nós pais darmos o exemplo, mostrando que os homens também podem, e devem, ajudar nos serviços domésticos. Assim como respeitar e incentivar as meninas a realizarem atividades que, por muito tempo, foram marcadas como exclusivamente masculinas. Na minha casa procuramos mostrar à Sofia que não existe diferença entre meninos e meninas. Ela tem o a livros que contam histórias na qual a princesa salva o príncipe, de meninas e mulheres que foram exemplo para a humanidade, e que conquistaram feitos notáveis. Quando vai ao parquinho, sempre vai com roupas confortáveis (escolhidas por ela, claro) que a permitam desenvolver suas habilidades sem limitações. Enfim, ela é incentivada a fazer a atividade que quiser, sem rotular que sejam de menina ou menino. Ensinar igualdade de gênero para crianças é uma tarefa que exige um contínuo esforço dos pais. Trata-se de um caminho novo em que é preciso questionar hábitos tidos como naturalizados e mostrar todas as possibilidades que os pequenos têm. Em resumo, é educar a criança para uma educação mais livre, distante dos padrões e próxima de sua verdadeira essência.
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