Como curar um Fanático

Chema Moya/EFE

Não sei a imagem que veio à sua mente ao ler “fanático” no título desta coluna, mas se foi de alguém descompensado ou cheio de estereótipos, te convido a seguir um raciocínio no sentido oposto. Fanatismo não está ligado a nenhum tipo específico de pessoa. Pode atingir cristãos, muçulmanos, ateus, racistas, antirracistas, homens, mulheres, progressistas, conservadores, artistas, crossfiteiros, professores, desempregados, jovens, velhos, eu e provavelmente você. 

O fanático é, veja bem, um verdadeiro altruísta. Seu fanatismo muitas vezes origina-se na vontade imperiosa de modificar os outros pelo próprio bem deles. Quantas vezes não agimos assim? Além disso, ele acredita que se alguma coisa for ruim, ela deve ser extinta, às vezes junto com o que está em volta.

O romancista israelense Amós Oz, cujas ideias inspiraram esta reflexão, disse que “o crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples. Fanatismo e fundamentalismo muitas vezes têm uma resposta com uma só sentença para todo o sofrimento humano.”

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Não há respostas simples para problemas complexos. O fato é que estamos cansados, estressados, indignados, desesperançosos e, num tempo em que os avanços tecnológicos deveriam potencializar a comunicação, somos arremessados para lados opostos numa arena pública onde narrativas se degladiam sem qualquer abertura para tratativas pacíficas.

Sem dúvidas os nossos problemas são complexos, mas a solução precisa começar de algum lugar. Amós Oz apresenta um antídoto peculiar para o fanatismo: o senso de humor. Afinal, quem é capaz de rir de si mesmo não se fecha em sua insegurança e consegue se enxergar de fora. Vê e aceita as imperfeições da vida, vive mais leve. Quem sabe até essa autocrítica humorada possa se desenvolver, virar uma empatia pelo outro e pelo seu ponto de vista divergente?

Imagina só se o humor é a semente para curar o fanatismo. Como provocou o romancista israelense, se pudéssemos, faríamos cápsulas contendo senso de humor e obrigaríamos toda a população a tomá-las. Renderia um Nobel, quiçá da Paz. Seria espetacular, exceto pelo ponto de que inventar um plano simples para forçar a população a se livrar de um problema já parece uma ideia tomada pelo germe do fanatismo.

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do portal Balcão News.

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